- Quem é feliz aí levante a mão!!!!!
Silencio absoluto no recinto. O voo de uma mosca teria produzido o mesmo
nível de decibéis que a passagem de um Boeing, àquela hora, por dentro
daquele lugar.
Não é conveniente se perguntar em público sobre felicidade alheia. E
durante o almoço muito menos. Compromete a digestão e faz um elevador ficar
subindo e descendo entre o estômago e a garganta do inquirido.
Até hoje ele não sabe o que o levou a se levantar subitamente -
derrubando mesa, pratos e talheres - e gritar a plenos pulmões no restaurante.
Foi algo como o reflexo natural de se aplicar um tapa quando se é picado por um
mosquito.
O garçon acudiu pra recolher a bagunça. E enquanto, abaixado no chão,
depositava o caos na bandeja, olhou pra cima e sussurrou quase que de forma
inaudível.
- Psiu, moço... Moço!
- Diga.
Até ele estava surpreso com o que acabara de acontecer, quem sabe o
rapaz não tivesse uma explicação.
Com o dedo selando os lábios o garçon
lhe suplicava a discrição que o alto tom de sua voz não sugeria.