domingo, 20 de julho de 2014

DOS ESCANINHOS DA FELICIDADE




- Quem é feliz aí levante a mão!!!!!

Silencio absoluto no recinto. O voo de uma mosca teria produzido o mesmo nível de decibéis que a passagem de um Boeing, àquela hora, por dentro daquele lugar.

Não é conveniente se perguntar em público sobre felicidade alheia. E durante o almoço muito menos. Compromete a digestão e faz um elevador ficar subindo e descendo entre o estômago e a garganta do inquirido.

Até hoje ele não sabe o que o levou a se levantar subitamente - derrubando mesa, pratos e talheres - e gritar a plenos pulmões no restaurante. Foi algo como o reflexo natural de se aplicar um tapa quando se é picado por um mosquito.

O garçon acudiu pra recolher a bagunça. E enquanto, abaixado no chão, depositava o caos na bandeja, olhou pra cima e sussurrou quase que de forma inaudível.

- Psiu, moço... Moço!

- Diga.

Até ele estava surpreso com o que acabara de acontecer, quem sabe o rapaz não tivesse uma explicação.

Com o dedo selando os lábios o garçon  lhe suplicava a discrição que o alto tom de sua voz não sugeria.

- Moço, eu sou feliz sim; e muito! Mas não diga nada senão esse povo me mata.

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