Com a minha
mania de estar sempre em Salvador vendo espetáculos, principalmente as estreias,
eu não tirava os olhos dos jornais. Um dia estava lá: Quincas Berro D’Água no
Teatro Castro Alves, com um monte de feras no elenco e participação de Zizi
Possi. Minha testosterona quase me faz enfartar.
Não bastasse
estar ali, bem à mão de meu bolso, a adaptação para teatro de um dos romances
definitivos de minha vida (sem exagero nenhum, eu já havia lido, até então, A
Morte e a Morte de Quincas Berro D´Água umas 10 vezes), também estava a minha
diva – aquela responsável pela ópera insana, que derramava árias e árias de
desejo nas tragédias hormonais de meu pobre ser adolescente. E mais uma vez eu
confundindo aquilo tudo com amor...
Na noite de
estreia lá estava eu, na fila C, para assistir à uma montagem inesquecível, com
adaptação e direção de João Augusto. Já do elenco, exceto Wilson Melo – por razões
óbvias, creditadas ao seu talento de gigante - não lembro de ninguém (já que
tudo e todos: da bilheteira ao programa da peça; do porteiro ao iluminador; até
mesmo o fiscal do Juizado de Menores e a moça que vendia drops – o drops até,
juro - tudo por tudo tinha a cara de Zizi).
Foi uma
noite inesquecível, que culminou com Quincas morrendo sua segunda morte depois
de cair da popa do saveiro do Mestre Manuel.
Saí do
teatro com a certeza absoluta de que Quincas tinha morrido mesmo não por estar
embriagado da pinga que seus companheiros lhe desceram pela goela, em torno do
caldeirão fumegante da peixada, mas sim pelo canto de sereia de Maria Clara,
interpretada por Zizi Possi: “No fundo do mar te achei toda vestida de
conchas...”
É isso -
pensei com meus botões, Quincas morreu mesmo foi embriagado de Zizi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário