terça-feira, 1 de abril de 2014

O PILOTO DE HELICÓPTERO OU COMO O MUNDO É PEQUENO (Segunda Parte)



Com a minha mania de estar sempre em Salvador vendo espetáculos, principalmente as estreias, eu não tirava os olhos dos jornais. Um dia estava lá: Quincas Berro D’Água no Teatro Castro Alves, com um monte de feras no elenco e participação de Zizi Possi. Minha testosterona quase me faz enfartar.

Não bastasse estar ali, bem à mão de meu bolso, a adaptação para teatro de um dos romances definitivos de minha vida (sem exagero nenhum, eu já havia lido, até então, A Morte e a Morte de Quincas Berro D´Água umas 10 vezes), também estava a minha diva – aquela responsável pela ópera insana, que derramava árias e árias de desejo nas tragédias hormonais de meu pobre ser adolescente. E mais uma vez eu confundindo aquilo tudo com amor...

Na noite de estreia lá estava eu, na fila C, para assistir à uma montagem inesquecível, com adaptação e direção de João Augusto. Já do elenco, exceto Wilson Melo – por razões óbvias, creditadas ao seu talento de gigante - não lembro de ninguém (já que tudo e todos: da bilheteira ao programa da peça; do porteiro ao iluminador; até mesmo o fiscal do Juizado de Menores e a moça que vendia drops – o drops até, juro - tudo por tudo tinha a cara de Zizi).

Foi uma noite inesquecível, que culminou com Quincas morrendo sua segunda morte depois de cair da popa do saveiro do Mestre Manuel.

Saí do teatro com a certeza absoluta de que Quincas tinha morrido mesmo não por estar embriagado da pinga que seus companheiros lhe desceram pela goela, em torno do caldeirão fumegante da peixada, mas sim pelo canto de sereia de Maria Clara, interpretada por Zizi Possi: “No fundo do mar te achei toda vestida de conchas...”

É isso - pensei com meus botões, Quincas morreu mesmo foi embriagado de Zizi.

E foi nesse ponto que bolei meu plano

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